A CURA: CABALÁ

David Zumerkorn

10/07/2022 - 13:22

Homenageie um ente querido

Para a elevação da alma de Yaacov Leib ben Zyndel ZייL ל”נ  יעקב  לייב  בן  זינדעל  ז”ל


A CURA – CABALÁ

A oração judaica para cura, chamada em hebraico de Mi Shebeirah, é uma das orações mais significativas do judaísmo. Oramos por cura e força não apenas para aqueles que estão procurando uma cura física para suas doenças, mas também para aqueles que precisam de cura espiritual.

É uma oração ou bênção pública para um indivíduo ou grupo, mais frequentemente recitada na sinagoga quando a Torá (pergaminho com Pentateuco) que está sendo lida. Por não ser uma oração oficialmente obrigatória, há muito espaço para criatividade em relação a quem abençoar ou como eles podem ser abençoados. Assim, existem “mi sheberahs para praticamente qualquer pessoa que precise de alguma bondade Divina – principalmente para aqueles que requerem cura.

Quando pedimos a D-us para trazer bênção ou cura, é costume fazê-lo por mérito da caridade prometida. Portanto, se você solicitar que essa oração seja dita em sua sinagoga em nome de alguém, certifique-se de dar alguma caridade também após a pronunciação da mesma.

A oração leva o nome de suas palavras iniciais, “mi sheberah”, que significa: “[Que Ele] que abençoe”. A linha de abertura padrão diz: “Aquele que abençoa nossos pais (patriarcas), Abraão , Isaac e Jacob, abençoe. . .”, e depois continua com uma bênção personalizada.

Durante as rezas, existem diferentes maneiras de incluir seu ente querido na oração de cura. Você pode adicionar seu nome a uma lista de pessoas que precisam de cura e o oficiante após a leitura da Torá, chama seus nomes durante a oração Mi Shebeirah é entoada. Também se pode fazer com que os congregados fiquem em seus lugares e digam em voz baixa os nomes de seus entes queridos que precisem de cura durante a recitação da prece especial.

A oração em si é tão poderosa que há muitas maneiras de sentir seu efeito. Caso você necessite, não obrigatoriamente precisa estar nos cultos para ouvir essas palavras. Muitas vezes são ditas por familiares ou amigos em muitas ocasiões. E, quem está doente ou no hospital, pode se beneficiar de uma pessoa que cite seu nome em hebraico na sinagoga, ou em outro local.

Eis a oração transliterada e traduzida:

Mi Sheberah Avoteinu Avraham, Yitzhack veYaacov Moshê VeAaron, Davi, Ve Shelomô, Bavur She [nome hebraico da pessoa] Ben (filho de)  ou Bat (filha de) [nome hebraico de sua mãe] Yiten Beli Neder LeTsedaká Bavuró, Besahar, zé HaKadosh Baruh Hu, Yimalê Rahamim Alav Lehahalimó Ulerapotó Ulehahazikó lehahaiotó, Veihlah, ló Meherá Refuá, Shleimá Min HaShamaim (Li 248) Evarav, (Vi 365) Guidav Betoh, Sear holei Yisrael, Refuat HaNefesh URefuat HaGuf, Venomar Amen.

Aquele que abençoou nossos pais (patriarcas), Abraão, Isaac e Jacob, Moisés e Aarão, Davi e Salomão, cure [o nome hebraico do (a) enfermo (a) e o de sua mãe], porque se fará caridade, sem promessa, em nome “causa” dele (a). Neste mérito, que o Santo, bendito seja Ele, seja cheio de misericórdia por ele (a), para restaurar sua saúde e curá-lo (a), fortalecê-lo (a) e revigorá-lo (a). E que Ele se apresse em enviar-lhe do céu uma recuperação completa para suas (248) partes corporais e (365) veias, entre os outros enfermos de Israel, uma cura de espírito e uma cura de corpo; e digamos Amén.

Antes de comer ou beber algo para fins medicinais ou fazer outra coisa destinada à cura, ele deve primeiro recitar a seguinte curta oração:

Que seja a Tua vontade, meu D-us e D-us de meus pais, que isso sirva como uma cura para mim, pois Tu és Aquele que cura gratuitamente.

Se a coisa que ele está comendo ou bebendo para suas habilidades de cura também requer uma benção (brahá), a oração deve ser recitada primeiro, pois não deve haver interrupção entre a benção e a alimentação. Depois  alguém recitaria a benção de Rofeh holim, (“D’us é” Aquele que cura os doentes).

Uma visão Cabalística da Cura

O Rabi Matityahu Glazerson, explica que a palavra doença em hebraico é חולי (holi).  Isso está relacionado com a palavra חלל (halal) que significa espaço oco ou vazio, e também com חול (hol), significando secular ou profano – isto é, que a pessoa está “vazia” de conteúdo sagrado.

A doença é um estado em que a pessoa se torna vazia de luz e conteúdo espiritual, com efeito negativo resultante em seu bem-estar físico.  A letra ח (het) representa o materialismo – matéria חומר (homer) enquanto a letra ל  (Lámed) alude a לימוד  (limud) ensinamento e לב (lev) coração, fazendo alusão à espiritualidade.

A própria forma da letra ח (het) retrata algo fechado do  reinos superiores, enquanto a letra ל (Lamed), com formato mais alto de todas as letras , representa a capacidade do homem de transcender as restrições do mundo físico e elevar-se ao espiritual. Na raiz חל (hol), que forma a base das palavras em hebraico:

 חלל (halal – morto / assassinado / espaço vazio),

 חול (hol – profano / comum)

חולי (holi  – doença / enfermidade),

Perceba que a letra ח (hêt) precede e domina a letra ל (Lâmed).  Isto indica que tanto na doença como no vazio da vida secular (comum), o aspecto material da vida domina e assim sobrecarrega o espiritual.

Da mesma forma, a palavra חלל (halal) morto / espaço vazio, também significa uma batalha perdida (morta).  Pois o cadáver é o exemplo mais extremo da superação material do espiritual, tanto que a alma incorpórea fugiu do corpo, sua morada física. O oposto de חלל (halal) morto é חיים  (haim) vida e חכם (haham) sábio /estudioso.  Interessante que todas essas três palavras têm o mesmo valor numérico (guimátria), conforme a seguir:

חלל = 8+30+30 = 68 (halal) 

חיים = 8+10+10+40 = 68 (haim) 

חכם = 8+20+40 = 68 (haham)

Isso alude à criação de D-us, de que tudo no mundo tem um contrapeso, ou seja, o Eterno criou uma coisa igual a sua oposta.

Importante saber que cada uma das letras do alfabeto hebraico, também tem seu aspecto positivo e negativo. O aspecto positivo da a letra ח (hêt) é חיים (haim) vida, enquanto o negativo é חטא (hêt) pecado, e também  o materialismo – חומר (homer) matéria.

O cadáver חלל (halal) é contrabalanceado pela vida חיים (haim) e חכמה (hohmá) Sabedoria

De fato, para os judeus, sabedoria é vida.

Voltando ao assunto da oração da cura “mi sheberah”, conforme anteriormente citado, a Mishená Berurá 230;7, diz que, embora pareça que alguém deve dizer esta benção mencionando o Nome de D-us e Sua Realeza, ele realmente não viu isso sendo feito na prática.

Quando uma pessoa espirrar, seu amigo você deve dizer: “Para a sua saúde.” Aquele que espirrou deve então responder: “Que você seja abençoado.” Depois, ele deve recitar conforme encontrado em Gênesis (Bereshit) 49;18, “Espero pela Tua salvação, [oh] D-us.” A razão pela qual alguém responde a seu amigo antes de recitar o versículo é porque aquele que ora pelas necessidades de um amigo, terá suas próprias necessidades atendidas primeiro.

No judaísmo, a prevenção da doença e a santidade do corpo, tanto na saúde física quanto na emocional, é um conceito muito importante.

A palavra para “saudável” em hebraico é בריאות (briut), da raiz “criar”. Um é considerado saudável, mesmo com imperfeições corporais; desde que um indivíduo seja construtivo e tenha a capacidade de contribuir para a sociedade, então ele é saudável. Ensina-se que cada pessoa é responsável pelo bem-estar de seu corpo e deve procurar assistência médica quando necessário.

Cuidar do corpo é considerado um grande preceito (mitsváh), porque o corpo é visto como um canal da alma e o meio pelo qual as pessoas oram a D-us. De acordo com a Torá, um corpo é meramente emprestado por D-us e, portanto, deve ser mantido virtuoso e saudável.

No tratado do Maimônides – Rambam sobre a asma, ele apresentou seis maneiras de prevenir doenças e enfermidades: ar puro, dieta, exercício, excreção regular, sono amplo e regulação das emoções.

A forma de tratamento das doenças é debatida pelos sábios judeus, pois na Bíblia (Torá) a doença era considerada uma forma de punição. Tratar os doentes pode ser considerado uma intervenção no plano divino de D-us. Mesmo a oitava bênção na Amidá para curar os enfermos, sugere D-us como o curador final dos enfermos. O Talmude menciona vários casos que permitiriam a um médico curar os doentes. Maimônides interpreta o versículo, se uma pessoa perde algo, “você deve devolvê-lo a ele” (Deuteronômio 22;2), implicando a aceitabilidade de prestar cuidados médicos quando se perdeu a saúde. Além disso, o conceito de pikuah nefesh (salvar uma vida), permite cuidados médicos na esperança de salvar a vida.

O Talmude comenta que uma pessoa não deve viver em uma cidade sem que haja um médico (Berahot 46;a) e, segundo Maimônides, deve-se visitar o médico quando saudável para estar ciente das mudanças corporais. Além disso, os remédios só devem prescrever remédios com objetivo para curar uma doença, porque, em outros casos, o corpo se torna dependente das drogas em vez de se curar.

Há uma passagem em Bamidibar (Números 21;9) citando que D-us ordenou a Moisés fazer uma cobra de cobre e colocá-la no alto de um bastão. Todo aquele que havia sido picado pela serpente (doente), e olhasse para a cobra de cobre, elevando-se seus olhos, seria curado e viveria.

O comentarista da Torá, Rashi, explica que: Será que a cobra de cobre é que cura? O que ocorre é que quando os israelitas olhavam para cima e submetiam seus corações para o seu Pai Celestial, ficavam curados.

Interessante, que o símbolo da medicina justamente consiste em um bastão com uma serpente em volta, conhecido como bastão de Asclépio, lembrando esse fato bíblico.

Em última análise, no judaísmo, os médicos são vistos como representantes de D-us no processo de tratamento dos doentes; portanto, um médico deve sempre ter em mente, que está curando uma doença com ajuda Divina.

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2 Comentários

  1. FABIO CHILVARQUER

    A cura pela Cabala, está intimamente ligada à força espiritual com energia positiva, essa energia mexe com parte humoral e imunidade que ajudará na cura, será um tratamento coadjuvante

    Responder
    • David Zumerkorn

      Com certeza. Muito bom!

      Responder

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