A NUMEROLOGIA DA CABALÁ – GUIMÁTRIA – Seu Nome, Sua Alma

David Zumerkorn

18/06/2022 - 19:58

A NUMEROLOGIA DA CABALÁ – GUIMÁTRIASeu Nome, Sua Alma

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Sinopse

A Numerologia da Cabalá chamada de Guimátria (ou Gematria) é um sistema numerológico pelo qual as letras hebraicas correspondem aos números. Este sistema, desenvolvido por praticantes da Cabalá (misticismo judaico), derivou dos sábios judeus, cuja disseminação se deu na outorga da Torá (10 Mandamentos) por D-us a Moisés no Monte Sinai no ano 2448 da criação do mundo (1312 AEC), e tornou-se uma ferramenta de interpretação de textos Bíblicos.

Na guimátria, cada letra hebraica é representada por um número (por exemplo, Alef = 1, Beit = 2, etc.). Pode-se então calcular o valor numérico de uma palavra somando os valores de cada letra nela.

No campo da interpretação Bíblica, os comentaristas baseiam um argumento na equivalência numerológica das palavras. Se o valor numérico de uma palavra for igual ao de outra palavra, um comentarista pode estabelecer uma conexão entre essas duas palavras e os versículos em que aparecem e usar isso para provar conclusões conceituais maiores.

A primeira frase da Torá (Bíblia) é “No princípio criou D-us os céus e a terra“, cuja valor numérico é o somatório de cada letra, gerando um total de 2701, que nada mais é do que 37 x 73, que são números especiais associados a criação.

Valores Numéricos correspondentes as Letras Hebraicas

Alef  א
Beit  ב
Guímel  ג
Dalet  ד
Hei  ה
Vav  ו
Zayin  ז
Chet  ח
Tet  ט
10  Yud  י
20  Kaf  כ
30  Lamed ל
40  Mem מ
50  Nun נ
60  Samech ס
70  Ayin ע
80  Pei  פ
90  Tsadi  צ
100  Kuf  ק
200  Reish  ר
300  Shin  ש
400  Tav   ת

Para que serve a Guimátria?

A guimátria era usada periodicamente no Talmude e no Midrash, e também na a literatura rabínica. Os rabinos empregavam a guimátria para ajudar a fundamentar a exegese bíblica que apoiavam o raciocínio lógico e argumentação para sustentar suas posições.

No entanto, a guimátria é essencial para a Cabalá, a tradição mística judaica. A própria base do sistema cosmológico cabalístico repousa na crença de que D-us criou o universo através do poder das letras hebraicas junto com seus valores numéricos. De fato, os muitos nomes de D-us e suas permutações na Cabalá têm valores numéricos que contém um poder extraordinário. (Saiba mais)

Textos Centrais da Guimátria

O termo “guimátria” se assemelha ao grego “geometria”, e o conceito também pode até ser até encontrado nos escritos do filósofo Platão. Na literatura rabínica, aparece pela primeira vez de forma escrita na Baraita das Trinta e Duas Regras, do rabino Eliezer em 200 EC, que elaborou 32 regras de interpretação da Bíblia. A 29ª regra envolvia o uso de guimátria, porém o livro cabalístico mais antigo, o Sefer Raziel HaMalach cuja autoria é a atribuída ao primeiro homem, Adão (Adam), já fazia alusão à guimátria.

No Sefer Yetsirá, o primeiro texto cabalístico, que se acredita ter sido escrito no século II d.C., foi o primeiro texto cabalístico a elaborar um sistema de guimátria. Este texto está preocupado com a criação do universo por D-us através dos poderes do alfabeto hebraico e com as permutações do Nome de D-us. Acreditava-se que o praticante místico poderia usar esse conhecimento para aproveitar os poderes da criação. No Sefer Yetsirá contém as instruções para criar um golem, a lendária criatura feita de lama, popularizada pelo Maharal de Praga no século XIX.

Nos anos 1200, os chassidim de Ashkenaz (“pietistas alemães”, um grupo de rabinos que praticavam uma forma mística e ascética de judaísmo, que não deve ser confundido com o chassidismo, que se desenvolveu 500 anos depois) usavam guimátria em seus escritos místicos. Seus escritos influenciaram Abraham Abulafia da escola castelhana de Cabalá, cujas técnicas de meditação incluíam contemplar diferentes nomes de D-us. O cabalista Moisés Cordovero de Safed (Tsfat), Israel, em 1542 compilou um manual chamado Pardes Rimonim (Jardim das Romãs), que inclui muitas seções que expõem e elaboram sistemas anteriores de guimátria.

Exemplos famosos de argumentos baseados em Guimátria

Um exemplo famoso de guimátria está na interpretação de Gênesis 14:14, que aparece no Baraita das Trinta e Duas Regras e em outras referências talmúdicas e midráshicas. Este versículo menciona os 318 homens que compunham a casa de Abrão (mais tarde em Gênesis, D-us muda o nome de Abrão para Abraão), a quem ele levou consigo para derrotar os exércitos que recentemente atacaram seu parente. O equivalente numérico do nome “Eliezer” (servo de Abrão) é 318; portanto, o texto sugere que, de fato, foi apenas Eliezer que veio com Abrão, não todos os 318 homens. Um texto chassídico, o Kedushat Levi, cujo autor o Rabi Levi Yitzchak de Berditchev, usa guimátria para tirar conclusões adicionais deste versículo. Este texto observa que o valor numérico da palavra hebraica “siach” (falar ou conversar) é 318. Portanto, o texto argumenta que foi através do poder de falar o Santo Nome de D-us que Abrão derrotou seus inimigos.

Grande parte da guimátria se concentra nos vários nomes de D-us e nos poderes desses nomes. O Nome Elokim soma o número 86, que equivale ao valor da palavra hateva (A natureza). Essa equivalência leva à conclusão de que Elokim se refere à presença divina conforme se manifesta no mundo físico, em oposição ao Nome Havaiê (YHVH), que se conecta ao universo celestial.

Ao longo da história, verificou-se que a Torá contém segredos que podem ser revelados pela guimátria e usados ​​para prever eventos históricos.

Em hebraico uma das palavras que define a alma é נשמה NESHAMÁ

As letras centrais dessa palavra formam a palavra שםshem” que significa “NOME”, assim, entendemos que o nome de uma pessoa é o íntimo da sua alma.

A palavra  נשמה Neshamá (alma), tem o valor numérico de (50+300+40+5) 395. Essa mesma palavra aplicando o sistema cabalístico ATBash, fica com o valor de 111, que é o mesmo do sistema milui da letra Alef  א (Alef 1, Lamed 30 e Pei 80). Percebemos que, assim como a letra Alef  א é a primeira letra do alfabeto hebraico e também faz alusão a D-us, significa que o espírito de D-us se incorporou nas letras hebraicas, que são usadas para construir nomes e palavras.

Se calcularmos o valor numérico do nome de uma pessoa (transliterando ao hebraico, que é a forma correta) juntamente com o da sua mãe, podemos conhecer melhor a alma dessa pessoa, suas características, suas influências astrológicas e muito mais. (Saiba mais)

Independentemente de a pessoa ser chamada unicamente por seu nome ou não, este nome está presente em todos os momentos-chave de sua vida. É nome que é usado quando a pessoa abençoa seus filhos (e outras pessoas queridas).

O nome é tão importante que permanecerá ativo, inclusive após a vida da pessoa.

Na Torá encontramos a mudança dos nomes de Abrão para Abraão, de Sarai sua esposa, para Sará (Gênesis, 17:5, 15), que consegui engravidar e logo depois, nasceu seu filho Isaac. Vemos também que Moisés mudou o nome de Josué (Números, 13:16) , que era Hoshéa para Yehoshua (Josué), para protegê-lo das tramas dos espiões, além de muitos outros exemplos.

É conhecido de que uma das maneiras de acordar uma pessoa que sofreu um desmaio é sussurrar-lhe ao ouvido o seu nome, de forma a interagir diretamente com a alma da pessoa.

Esse é um assunto complexo e não deve-se alterar o nome de uma pessoa, sem antes consultar um rabino especialista.

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