A Ressurreição dos Mortos – Judaísmo

David Zumerkorn

28/08/2024 - 17:45

A Ressurreição dos Mortos – Judaísmo 770

Um princípio fundamental da fé judaica é a crença de que aqueles que morreram serão trazidos de volta à vida. Verdadeiramente, Techiat HaMetim, “A Ressuscitação dos Mortos” é um dos treze princípios fundamentais, ou “cardeais”, do judaísmo.

Encontramos o seguinte no Sidur (Livro de rezas judaicas – Shacharit):

“Tu és poderoso para sempre, ó Senhor, Tu ressuscitas os mortos, Tu és poderoso para salvar.

Tu sustentas os vivos com bondade amorosa, Tu revives os mortos com grande misericórdia, Tu sustentas os caídos e curas os doentes; Tu libertas os cativos e preservas a Tua fé com aqueles que dormem no pó. Quem é como Tu, Mestre de feitos poderosos? Quem pode ser comparado a Ti, ó Rei que causa a morte e restaura a vida, e faz brotar a Tua salvação.

Tu és fiel para restaurar os mortos à vida. Bendito és Tu, ó Senhor, que trazes a vida aos mortos.”

Conforme a tradição mística judaica, as almas podem reencarnar em corpos diferentes se estas almas não tiverem completado suas missões na Terra. No momento da ressurreição, a alma individual será dividida entre os vários corpos que ela habitou, e a porção da alma cuja missão foi completada em um corpo em particular retornará a esse corpo.

O corpo retorna à terra, pó ao pó, mas a alma retorna a D-us que a deu. Esta doutrina da imortalidade da alma é afirmada não apenas pelo judaísmo e outras religiões, mas também por muitos filósofos seculares. Porém, o judaísmo, no entanto, também acredita na ressurreição eventual do corpo, que se reunirá com a alma em um momento posterior em um “grande e terrível dia do Senhor”. A forma humana das pessoas justas de todas as eras, enterradas e há muito decompostas, será ressuscitada pela vontade de D-us.

A ressurreição dos mortos — Techiat HaMetim em hebraico — é uma doutrina central da teologia judaica tradicional.  Os judeus tradicionais acreditam que durante a era messiânica, o templo será reconstruído em Jerusalém, o povo judeu será reunido dos confins mais distantes da terra e os corpos dos mortos serão trazidos de volta à vida e reunidos com as suas almas. Não está totalmente claro se somente os judeus, ou todas as pessoas, devem ser ressuscitados nessa época.

A doutrina da ressurreição é desenvolvida em várias fontes rabínicas. Entre as ideias associadas a isto está a crença de que durante a era messiânica os mortos serão trazidos de volta à vida em Israel. Segundo o Talmude, todos os corpos que ainda não estejam em Israel serão transportados por túneis subterrâneos até a Terra Santa (Israel). Evitar esse processo, o qual é considerado espiritualmente doloroso, é uma das razões pelas quais alguns judeus optam por ser enterrados em Israel. 770

Pelo menos duas fontes talmúdicas observam que os justos serão trazidos de volta dos mortos.

O retrato mais dramático dessa ressurreição corpórea pode ser encontrado na profecia de Yechezkiel (Ezequiel 37) no “Vale dos Ossos Secos”, lida como a Haftará no Shabat Intermediário de Pessach (Páscoa). Ela recorda libertações passadas e prediz a futura redenção de Israel e a eventual vivificação dos mortos:

Essa crença — distinta, embora relacionada com a crença da imortalidade da alma — é mencionada explicitamente apenas duas vezes na Bíblia hebraica, nos livros de Isaías e Daniel, embora indícios dela sejam extrapolados de outras fontes bíblicas. O filósofo medieval Maimônides a inclui como um de seus 13 princípios da fé judaica, e a Mishná afirma que aqueles que não acreditam na ressurreição “não têm parte no mundo vindouro” (Mishná Sanhedrin 10:1) A oração da Amidá recitada três vezes ao dia pelos judeus tradicionais inclui uma bênção louvando a D-us como o ressuscitador dos mortos.

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O judaísmo sempre enfatizou que o corpo, assim como a alma, é um presente de D-us — na verdade, que pertence a D-us. Ha’ neshamah lach ve’haguf pa’alach, os judeus declaram: “A alma é sua, e o corpo é obra de suas mãos.” Cuidar do corpo é um mandamento religioso da Bíblia. A prática do ascetismo para propósitos religiosos era tolerada, mas o asceta tinha que trazer um sacrifício de expiação por sua ação. A ressurreição afirma que o corpo tem valor porque veio de D-us, e será revivido por D-us. Aquele que crê na ressurreição afirma que a existência empírica do homem é valiosa aos olhos de D-us. Suas atividades neste mundo são significativas no esquema da eternidade. Seus esforços não devem ser depreciados como fúteis e inúteis, mas devem ser levados à realização no fim dos dias.

O conceito de ressurreição serve, portanto, para manter D-us sempre na consciência do homem, para unificar os judeus contemporâneos e históricos, para afirmar o valor do mundo de D-us e para aumentar, em vez de diminuir, o valor dos esforços dignos do homem neste mundo.

Embora os detalhes da vida após a morte sejam, portanto, uma questão de especulação, o consenso tradicional deve servir para iluminar o caminho sombrio. Nas palavras do Rav Yehoshua ben Chanania (Talmude Niddá 70b): “Quando eles voltarem à vida, iremos nos consultar sobre este assunto.”

A união do corpo e da alma é o que nos torna maiores que os anjos. Como Moisés mostrou aos anjos, é por causa dessa união corpo-alma que a Nação Judaica recebeu a Torá (Talmude Shabat 88b-89a). Essa união se manifesta no 13º Princípio, segundo o qual o corpo, em certo sentido, atinge a imortalidade junto com a alma.

De acordo com o que está escrito no Zohar, Techiat HaMetim ocorrerá quarenta (40) anos após o retorno de todos os judeus à terra de Israel. Os grandes tsadikim (justos) reviverão dentre os mortos no início dos dias de Mashiach (Messias).

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2 Comentários

  1. Fanny Aker

    Parabéns pela
    Profundidade do texto q envolveu muita pesquisa e conhecimento

    Responder
  2. Fabio Chilvarquer

    Muito interessante, parabéns pela publicação

    Responder

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