Os Números do Ano para o Grande Sucesso

David Zumerkorn

03/10/2022 - 12:31

Os Números do Ano para o Grande Sucesso.

Existem diversos números famosos no judaísmo. O dezoito, o dez, o sete, o vinte e seis, entre outros. Entretanto, há dois números fundamentais, em especial entre Rosh HaShaná (Ano Novo Judaico) e Yom Kipur (Dia do Perdão / expiação), sendo pouco notados e praticamente ignorados. São eles o 136 e o 408.

Vamos explicar:

Uma peça central e muito famosa da alta liturgia do feriado (Yom Tov), é a oração Unekanê Tokef adicionada na reza da Amidá de Mussaf de Rosh Hashaná e Yom Kipur. Essa oração descreve D-us, sentando-se em julgamento sobre toda a criação, determinando o resultado de nossas vidas. No ápice desse drama, recitamos a linha ותשובה ותפילה וצדקה מעבירין את רע הגזרה  “ O arrependimento (teshuvá), a oração (tefilá) e a caridade (tsedaká) anulam a severidade do decreto.” Estas são as coisas que podemos realizar em nossas vidas para fazer uma diferença positiva, para nós mesmos e para aqueles ao nosso redor.

Nesta oração, as três palavras ותשובה ותפילה וצדקה( (teshuvá, tefilá e tsedaká) estão escritas em uma fonte maior e destacada. Entretanto, se prestarmos atenção, para cada uma dessas palavras, há outra acima, em tamanho bem menor, quase passando despercebida. São elas na ordem: צום Tsom (jejum), קול Kol (voz – reza) e ממון Mamon (dinheiro).

Curiosamente, as letras iniciais destas três palavras formam o nome de uma das porções da Torá, Miketz (מקץ – “no final / início – extremo”), já que o ano novo liga o final do ano anterior ao próximo. Interessante também, é que cada uma dessas três palavras em hebraico, tem o mesmo valor numérico (guimátria), que é igual a 136. O jejum está associado ao arrependimento, a voz ao rezar e o dinheiro à caridade. O somatório destes três elementos é igual 136×3 = 408.

Em Devarim (Deuteronômio 32;29) encontramos: ל֥וּ חָכְמ֖וּ יַשְׂכִּ֣ילוּ זֹ֑את יָבִ֖ינוּ לְאַחֲרִיתָֽם׃ – Se eles fossem sábios, pensariam sobre isto, e obteriam uma visão de seu futuro:

No Tehilim (Salmo 92; 7) temos: יודע דברי תורה שנאמר וכסיל לא יבין את זאת

O insensato não os percebe e os tolos não conseguem entender isto (zot).

Perceba que a palavra “isto” (זֹ֑אתzot), que consta em ambos os versículos citados acima, tem valor numérico de 408, fazendo alusão ao assunto combinado de teshuvá, tefilá e tsedaká, que devemos ser sábios e praticar com seriedade nesses dias temíveis entre Rosh Hashaná e Yom Kipur.

Teshuvá, tefilá e tsedaká não são coisas que necessariamente vêm de maneira fácil. Cada uma delas precisa ser aprendida e praticada para se fazer de maneira significativa.
Teshuvá é um processo de autorreflexão. Exige olhar para dentro para pensar com cuidado e honestidade sobre o que fizemos bem e quais desafios estamos enfrentando.

Devemos identificar áreas das quais nos orgulhamos e áreas que desejamos trabalhar para melhorar. Essa prática de autorreflexão em nossas vidas constrói habilidades-chave e conforto para o trabalho mais árduo de Cheshbom HaNefesh (contabilidade de nossas ações). Devemos entender que o auto aperfeiçoamento é um processo contínuo e sem fim.

A tefilá (reza) é difícil. Requer foco e compromisso, compreensão e abertura. Devemos aspirar fazer um sentimento pessoal, desenvolver habilidades e sentir-se parte da comunidade através da prática regular da tefilá .

Devemos compreender o significado das palavras do sidur, ou seja, o livro de orações tradicional, por meio de lições e discussões sobre cada nova oração que aprendemos, e que adicionemos nossos pensamentos e sentimentos às páginas do sidur.

Temos que nos esforçar para obter habilidades para ler e recitar as orações, usando das melodias tradicionais, através da prática diária.

O próprio ato de orar juntos e aprender sobre as orações, nos ajuda na união em uma autêntica comunidade judaica.
Tsedaká é uma expressão do nosso compromisso em auxiliar os outros. A prática de fazer tsedaká durante todo o ano, todos os dias, com exceção do Shabat, e feriados religiosos, deve estar em nossos pensamentos e em nossas ações.

A experiência de colocar alguns trocados em uma caixa de tsedaká, faz com que passem a ver o ato como uma parte rotineira de suas vidas, podendo fazer uma seleção de organizações de caridade dignas e considerarem juntos quais critérios eles podem usar para decidir para onde doar, ou mais bonito ainda, doar a quem lhe pedir sem qualquer análise.

O ano que está adentrando 5’785, tem o somatório dos numéros igual a 25 (5 + 7 + 8 + 5). O número 25 está associado a palavra hebraica אור (Or – Luz), já que a 25ª palavra em Gênesis (Bereshit) é אור (Or), e não é coincidência, que a festa das luzes (Chanuká) inicía-se no 25º dia do mês de Kislev (Dezembro), onde ocorreram grandes milagres. Também temos que (2 + 5 = 7), que lembra o 7º dia – Shabat (sábado), o dia do descanso, além de estar associado a palavra “abundância שבע (sova)”.  

Ao iniciarmos 5’785, praticando a teshuvá, tefilá e tsedaká, pedimos para que o Rei Altíssimo, possa nos proporcionar um Ano repleto de luzes, abundância e descanso de toda guerra, e que essas ações judaicas significativas, tragam bênçãos para nossas vidas e também para o mundo em geral.


Shaná Tová Umetuká / Guimar Chatimá Tová. Que sejamos selados e inscritos para um Ano Bom e Doce. Amén VeAmén.

 

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1 Comentário

  1. Fanny aker

    Super interessante este número 408.

    Responder

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